terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O amigo aprendiz

Poema do amigo aprendiz






Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...



Fernando Pessoa

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Viagens

Uma das coisas que eu mais gosto de fazer na vida é viajar. Não conheço ainda muitos países, mas os que conheço, todos me agradaram, por um ou outro motivo.

O primeiro país que conheci foi a Bélgica e apesar do clima, muito húmido e frio no Inverno, as pessoas têm uma assistência social e uns serviços de saúde e educação muito bons e eficazes.
Na realidade os cidadãos têm muitos direitos, mas também ninguém deixa de cumprir os deveres.
Não há burocracia e as dívidas são cobradas num piscar de olhos. Por isso há um equilíbrio, as pessoas sentem-se protegidas, mas ao mesmo tempo sentem que não podem falhar, quer nos pagamentos, quer na reciclagem do lixo caseiro e em geral em todas as regras que existem.

E não é só na Bélgica que isso acontece, todos os países onde o nível de vida é bom, as pessoas cumprem as regras, para depois serem recompensadas pelo Estado. Infelizmente em Portugal ainda não chegamos a este nível de organização da sociedade.



A Paris Já fui 3 vezes e cada vez que lá vou há sempre algo novo para descobrir.
Fui em Julho e nessa altura, com bom tempo, fui conhecer os monumentos maravilhosos de Paris, subir a torre Eiffel, visitar o palácio de Versailles e a ópera Garnier, que é fascinante.
Desta vez fui no Outono, apesar do frio, que é suportável,Paris tem sempre algo para descobrir e desfrutar... Os Lindos jardins, como o de Luxembourg, as iluminações de Natal, as boas lojas de doces e chocolates e os célebres macarrons.




Nas primeiras viagens que fiz, comprava sempre transferes, mas desde que fui a New York e paguei 200 euros de transferes e depois descobri que qualquer yellow cab nos leva ou traz do aeroporto até ao hotel por 50 dólares, nunca mais me preocupei com os transportes de e para o aeroporto.

Descobri que todas as grandes cidades, Londres, Barcelona, Paris e outras têm transportes fantásticos por baixo preço.
Em Paris comprei o Paris Visite logo no aeroporto e depois temos o Roissybus que passa de 15 em 15 minutos e nos leva do aeroporto CDG à Opera Garnier por 9 euros.
O Paris Visite ainda nos permite andar em autocarros, metros, comboios e ter descontos para entrar em certos lugares.

sábado, 10 de outubro de 2009

Cravos com espinhos

Quando as coisas não correm bem, temos às vezes a tendência para afogar as mágoas em recordações mais deprimentes ainda.
Saímos dumas eleições legislativas, onde as pessoas de bom senso esperavam uma mudança no rumo que este País tomou. Mas as esperanças de um futuro melhor desvaneceram-se com o resultado dessas eleições. Um governo minoritário, com um 1º ministro cujas políticas têm afundado cada vez mais o País.
As escolhas, às vezes insensatas, que o povo faz, têm repercussões na vida de todos nós.

Quando o 25 de Abril aconteceu, eu fiquei apreensiva, pois detesto a desorganização, as indefinições quanto às leis, etc.
Muitos dos portugueses esqueceram e outros eram jovens nessa altura e também nunca se interessaram muito por saber como as coisas se passaram, nos tempos a seguir ao 25 de Abril de 1974. Apenas cultivam o terror da direita, o fantasma da ditadura e não questionam se as coisas seriam assim tão feias como as pintam.
Claro que havia coisas erradas, uma ditadura não agrada a ninguém, que o digam os habitantes de leste, a quem Mikhail Gorbatchev e a sua Perestroika abriu as portas da "cadeia".

A Primavera Marcelista em Portugal, deu alguma abertura aos portugueses, já havia a Ala liberal na Assembleia da República, da qual faziam parte Sá Carneiro, Pinto Balsemão e Magalhães Mota. E houve medidas sociais, Marcelo Caetano deu a reforma aos trabalhadores rurais e deu aos professores o vencimento nas férias.

No entanto, a tão ansiada democracia que o 25 de Abril de 74 traria ao povo,foi durante cerca de ano e meio um desastre completo.
Só tivemos eleições em 25 de Abril de 1975, em que o PS saiu vencedor e até essa altura foi o processo destrutivo de um País. O PREC(Processo Revolucionário Em Curso), marcado pela luta e perseguição politica entre as facções de esquerda e direita tinha no MFA e no COPCOM de OTELO o fio condutor das suas acções.

Nessa altura foram nacionalizadas as grandes empresas e outras como a Timex em Corroios tinham tão baixa laboração , com as comissões de trabalhadores em constantes reuniões, que fugiram para outros países, lançando no desemprego muitos trabalhadores. Foram igualmente "saneadas" e muitas vezes forçadas ao exílio personalidades que se identificavam com o Estado Novo ou não partilhavam da mesma visão politica que então se estabelecia para o país( Os ideais comunistas).
Com o lema " A terra a quem a trabalha" cometeram-se os maiores roubos de terras e herdades, essencialmente no Alentejo. As pessoas viviam aterrorizadas com as ocupações de terras e casas. Foram momentos de triste memória e chego à conclusão que os grandes "heróis" de Abril não pretendiam que a democracia vigorasse em Portugal, mas pretendiam sim instaurar uma ditadura de esquerda, com contornos muito mais perniciosos para a vida dos portugueses do que aqueles que tínhamos vivido até aí.
Conta-se que quando Otelo Saraiva de Carvalho visitou a Suécia, no pós 25 de Abril, teria dito a Olof Palme que em Portugal queriam acabar com os ricos, ao que o malogrado primeiro ministro sueco da altura teria respondido que na Suécia queriam era acabar com os pobres.
Com todas estas ideias marxistas, Estalinistas ou até egoístas,a eleição do primeiro governo de Mário Soares veio por um pouco de ordem na casa.

O 1º governo maioritário surgiu com a AD liderada por Sá Carneiro, mas não o deixaram prosseguir com a sua luta para fazer de Portugal um País mais moderno, assassinaram-no em Camarate, apenas 11 meses depois de ter tomado posse. Foi no dia 4 de Dezembro de 1980 e nesse dia, conforme documenta este jornal, houve portugueses que se comportaram assim.



( Pensavam que eram só os talibãs que comemoravam a morte dos americanos no 11 de Setembro, não ...em Portugal também aconteceu, em pleno sec.XX)


Foi um País com uma economia fraca, aquele que entrou na CEE. Mas os subsídios da Europa,também não caíram nas mãos certas e o País nunca deu o salto para o progresso, como a maioria dos nossos parceiros europeus.

É com alguma mágoa que vejo que tantos anos após o 25 de Abril o País continua na infância da democracia, as pessoas perderam os valores, fruto duma sociedade em que toda a gente pensa nos seus direitos mas desconhece os deveres.
Vota-se nos corruptos, porque falam bem e até são simpáticos ... por isso me questiono se os cravos não tiveram espinhos!

Onde será que este País vai parar?
.......

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Cheira a Outono

Quando iniciei este Blogue queria partilhar com os outros pedaços de mim, no entanto, as coisas por vezes não saem como gostaríamos.
No Verão, é a agitação habitual, os amigos que nos visitam e com o bom tempo há sempre algo para fazer.
Espero que no Outono e Inverno a inspiração volte e continue a construir o meu Blogue como planeei.

" Livre não sou, que nem a própria vida mo consente, mas a minha aguerrida teimosia, é quebrar dia a dia um grilhão da corrente." Miguel Torga.

sábado, 25 de julho de 2009

Um lindo poema

Quem passou pela vida em branca nuvem
E em plácido repouso adormeceu,
Quem passou pela vida sem vertigem
Quem passou pela vida e não sofreu,
Foi espectro de homem, não foi homem
Passou pela vida... Não viveu!

domingo, 19 de julho de 2009

Os anos 80

"Porque é pouco o tempo que se tem, é bom ser livre nesse tempo, que não é de mais ninguém".

Em 1981 nasceu a minha filhota, a Lili.

Os anos 80 foram um pouco conturbados, por questões pessoais, mas também foram os anos em que decidi dar um novo rumo à minha vida.

Foi na década de 80 que comecei a fazer umas viagens para fora do país.
O 1º destino foi a Bélgica.

sábado, 18 de julho de 2009

Os anos 70


Um dia de praia na Ilha de Luanda


Foram anos de muitas mudanças.
Em 1970 a minha irmã casou e eu era quase finalista do Liceu. No ano seguinte fui finalista da alínea B Germânicas e como não havia em Luanda estudos superiores na minha área, entrei para o Magistério.Foram 2 anos de convívio com óptimas colegas, e lá fiz boas amizades.
Quando terminei o curso fui trabalhar com a Lena Salgado e a Leonor Jordão para a Escola da Terra Nova. Uma escola com 20 salas e 60 professores, pois funcionava em regime triplo. O nosso turno, se a memória não me falha, funcionava das 10:40 ás 14:15 h. Foi o primeiro ano em que os professores começaram a ganhar nas férias, pois fomos todas receber o Ministro ao aeroporto, com cartazes a pedir isso mesmo, e fizemos greve às aulas ( ano de 1973....quem disse que não havia manifestações??!).
Ano de 1974, as grandes mudanças em Portugal, a Revolução, que os angolanos receberam com alguma apreensão e expectativa. E tínhamos razão, pois em 1975, depois de passarmos tempos muito maus, por razões que não vale a pena referir, lá viemos de regresso a Portugal com um selo na testa... " retornados". Lembro-me perfeitamente na noite de 15 de Outubro, de entrar num avião da Swissair e ao sobrevoar as luzes de Luanda à noite, tive a certeza que era um adeus definitivo àquela que foi uma terra de sonho.
Os últimos anos da década de 70 foram a adaptação a uma nova vida e o começar de novo.
1976 um bom ano, nasceu o meu filho Pedro.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Os anos 60


Em 1961, foi preciso começar da estaca zero, para trás ficaram casa, mobílias, mas chegámos a Luanda com o mais importante ... a nossa vida.

Foram anos difíceis, que com muito trabalho, conseguimos ultrapassar.Fiz a 4ª classe e entrei no Liceu D. Guiomar de Lencastre. Não me canso de contar aos meus filhos, como era o meu Liceu, tinha 2 ginásios com balneários individuais, capela, sala de cinema, biblioteca, sala de música, laboratórios etc. Era um Liceu fantástico.

Angola, nos anos 60 e 70 era uma terra fantástica. Tanto pelo desenvolvimento, como pelo modo de vida dos que lá viviam. Havia amizade, camaradagem e as pessoas eram felizes. Quem não viveu lá nunca vai entender o feitiço daquela terra, que ainda hoje continua a unir os "retornados".

Depois de ter morado na Rua El Rei D. Dinis, fomos morar para a Vila Alice, pertinho da Farmácia Luanda ( como se pode ver na foto).

Em 1969 eu, a minha irmã e a minha mãe viemos de férias a Portugal, O meu pai nunca teve férias desde que chegou a Angola em 1951, até que voltou 24 anos depois, para umas férias forçadas em 1975, depois da "exemplar" descolonização.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

os anos 50


Cheguei a Luanda no Paquete Império, tinha 4 anos. Depois Lá seguimos para o norte de Angola, onde meu pai trabalhava. Primeiro Camabatela,anos depois Quitexe, seguiu-se Bula Atumba e depois novamente Camabatela.
As memórias que tenho dessa época era de uma Angola rica de recursos e de calor humano, onde o convívio era fácil e as amizades duradouras. Lembro-me também da minha infância feliz, trepando goiabeiras, brincando nos riachos e andando de bicicleta e patins ( muitas vilas do interior tinham jardins com ringue de patinagem).
Nas vilas do interior de Angola, apesar da distância em relação aos grandes centros urbanos, que se traduzia num certo isolamento das populações, eram locais onde o calor humano imperava. As pessoas conviviam muito nessas localidades e as terras férteis forneciam a abundância de alimentos, que contribuía, de uma certa forma, para a vida despreocupada dos portugueses em Angola.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

a beleza da marginal


Tinha tudo.... batucadas nas noites perdidas...e a beijá-la com fúria e carinho tinha o mar..

Luanda debruçada sobre o mar......


Foi aqui que passei os melhores anos da minha vida.

domingo, 7 de junho de 2009

poesia

Pelo sonho, vamos!...

Pois pelo sonho construímos

Pelo sonho nos reencontramos

Atrás do sonho corremos

E desde que pelo sonho não nos deixemos prender

Pelo sonho vivemos

E em sonho... até o entardecer!

sábado, 6 de junho de 2009